Para se tornar violinista, ainda muito nova, Bianca Bianchi teve que lutar com adversidades: a morte repentina da irmã Maurina e o compromisso de não decepcionar sua mãe, que via na filha mais velha a realização do sonho de ter uma grande concertista na família. Bianca assumiu o sonho da mãe para si, o que fez dela uma pessoa de temperamento forte, determinada e disciplinada. O seu maior amigo na infância foi mesmo o violino o qual, até a velhice, chamava de “príncipe dos instrumentos”.
Bianca não teria excelentes recordações da infância passada no Palace Wolf, na Praça Garibaldi, que na maior parte do seu tempo resumia-se a uma rotina vivida na quadra de sua casa: o Colégio Divina Providência e os estudos de violino. Do pai, Edoardo, ela fazia questão de recordar o hábito de fazê-la acordar cedo e levá-la descalça a correr pela praça. No Divina Providência, estudou até o ginásio. Depois, segundo ela, foi só violino. Na mesma casa em que morava, ela tinha contato com os alunos de pintura de sua mãe e de Ercília Cecchi. O mais famoso dos alunos foi Theodoro de Bona que iniciou as aulas em 1919 e seria amigo de Bianca por toda a vida.
Em 1916, o maestro suíço Leonhard Kessler, radicado no Paraná desde 1911, criou o Conservatório de Música do Paraná e Ludwig Seyer estava entre os professores. O Conservatório foi o embrião do que um dia viria a ser a Faculdade de Artes do Paraná. Bianca entrou no Conservatório em 1917 em uma turma mais avançada.
Além das aulas com Seyer e do estudo em casa, para chegar a ser a violinista que se tornou, dispôs-se a tocar em diversos lugares, de teatros a festas. Um convite o qual atendia com frequência aos domingos, a pedido do poeta Dario Veloso, era tocar no Templo da Musas que fora construído em 1918.
Na festa de caridade da Fundação Espírita do Paraná, em agosto de 1920, Bianca, então com 14 anos, tocou com a pianista Margarida Silva a “Berceuse” de Benjamin Godard. Em setembro de 1920, na festa organizada pelo maestro Léo Kessler para comemorar a mudança de sede do Conservatório, ela apresentou o Andante do “7º Concerto para Violino” de Charles Beriot. O Dr. Pamphilo D'Assumpção, advogado ilustre e colaborador do jornal “Commercio do Paraná”, não a conhecia e a elogiou na crítica que fez sobre o evento, publicada em 28 de setembro de 1920:
“Com uma bela postura, arcada larga e segura, obtendo de seu instrumento sons cheios, rigorosa afinação e bastante sentimento, a senhorita Bianchi mostrou que dela muito se tem a esperar como violinista”.
Foi a primeira crítica a ela que se tem notícia. Os anos 20 seriam a década da sua afirmação como instrumentista em Curitiba e que a fez ser uma celebridade na imprensa local.
Bianca estava preparada para isso. Um exemplo é que, aos 13 anos, ela possuía fotografia profissional para divulgar seu trabalho na mídia, assinadas pela Photo Linzmeyer: um dos principais estúdios da época em Curitiba.
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