Bianca Bianchi atuava como professora na Escola de Música e Belas Artes do Paraná em março de 1957 quando recebeu um presente incomum de Guilherme Wolf Schaia, seu ex-aluno de violino do Instituto Messing. Ele ofereceu à mestre a partitura de “Intermezzo” para violino e piano com a seguinte frase: “Dedicado a Bianca Bianchi pela passagem do Jubileu de 25 anos de professorado na arte de Paganini”.
O presente em forma de música, provavelmente entregue em uma comemoração pública pela efeméride, expôs a admiração mútua que sempre houve entre eles. Em sua casa, Bianca guardava com carinho uma fotografia de Schaia jovem, ao violino, tirada nos anos 40. Mas representava a grande capacidade de Bianca em ser professora, de transmitir aos alunos sua maior paixão: a arte de dominar o violino. Não à toa, ela foi considerada a “mãe dos violonistas” do Paraná.
Bianca Bianchi foi professora desde a adolescência, quando criou sua escola em casa, em uma das salas do Palacete Wolf, em frente ao atelier de Gina, sua mãe. Nos anos 20, foi assistente de Ludovico Seyer no Conservatório de Música do Paraná. Mas a sua carreira como professora inicia-se de fato em 1932, tão logo retorna da Itália, quando aceita o convite do Instituto Messing.
Permaneceu lá por 10 anos até a criação da Escola de Música e Belas Artes, em 1948, onde permaneceu até 1977, quando foi aposentada de forma compulsória por completar 70 anos. Sobre a atuação de Bianca como professora, Marisa Ferraro Sampaio, pianista, escritora e que foi também professora da EMBAP, em 1987 fez uma declaração à coluna “Tablóide”, do jornalista Aramis Millarch: "Em todos os setores da música o trabalho de Bianca Bianchi foi importantíssimo. Ela construiu, tendo por base, firme estrutura. Deu bom exemplo de perseverança e dedicação. Orientou, com energia e abnegação, mais de mil estudantes de violino”. A matéria decorria da denominação de uma das salas da então sede da EMBAP, na Rua Emiliano Perneta, com o nome de Bianca, escolha da Associação dos Docentes daquela instituição.
No início dos anos 80, Bianca foi incentivada pela ex-aluna Hildegard Soboll Martins a conhecer o Método Suzuki, criado pelo professor Shinichi Suzuki, no Japão do pós-guerra nos anos 40. Soboll Martins foi quem introduziu o método no Paraná e em 1978 criou a Associação da Educação do Talento Musical do Paraná com Edna Ritzmann Savytzky. Ensinar através do Método deu a Bianca Bianchi outra dinâmica em sua vida, após os 75 anos de idade.
"Foi a coisa mais revolucionária para a formação de violinistas. Posso dizer isto de cadeira, pois aprendi pela maneira tradicional e durante meio século acreditei que era a única forma de musicalização. Suzuki mostrou a força de uma nova e revolucionária técnica", disse ela ao jornalista Aramis Millarch em 17 de outubro 1988, uma semana após a estreia da Orquestra Júnior, ligada a Universidade Federal do Paraná e dirigida por Soboll Martins.
Ao final da vida, Bianca tinha disposição para falar de si e concedeu algumas entrevistas, dentre as quais a que gerou o documentário “Bianca Bianchi: a violinista”, de Berenice Mendes, realizado em 1995 pela Documenta Filmes para a série “Vultos Paranaenses”, projeto do Governo do Estado do Paraná e do Museu da Imagem e do Som. O documentário pode ser visto AQUI. Ao final da vida, Bianca esboçou o desejo de que o prédio "Bianca" se tornasse uma fundação com seu nome.
Bianca Bianchi faleceu em 4 de setembro de 2002. Após a morte, foi homenageada pela EMBAP com a criação de concurso com seu nome, para música de câmara, e da criação da Fundação Bianca Bianchi.
Foi sepultada no Cemitério São Francisco de Paula, o mais antigo de Curitiba e que localiza-se a poucas quadras de onde viveu. Desde 2017 seu nome está entre as ilustres personalidades femininas de Curitiba.
A história de Bianca tornou-se definitivamente ligada ao bairro São Francisco. Além do cemitério, no mesmo bairro, estão a Praça Garibaldi e o belíssimo Palacete Wolf no qual viveu da mocidade até a fase adulta, e o prédio “Bianca” onde viveu após 1956.
Pelas calçadas que margeiam as ruas de paralelepípedo e as casas antigas, ela transitou a pensar em música, ao som do violino.
Turmas de alunos de Bianca Bianchi ao longo de sua carreira:
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