A artista

Bianca Bianchi com o pianista Antonio Melillo
no Concerto de despedida no Teatro Guayra.

Em 1922, Bianca Bianchi recebeu de Giovannina, sua mãe, um álbum de fotografias. A intenção era que colecionasse autógrafos dos artistas que ainda conheceria na vida. O presente tinha a seguinte dedicatória em italiano:

”Bianca mia, se l´a arte ti reserva dolori, fatiche e triunfi, sopporta I primi, con rassegnazione vinci le altre col coraggio e ricevi gli ultimi con modestia” — "Bianca minha, se a arte te reserva dores, fadigas e triunfos, suporta as primeiras com resignação, vence as outras com coragem e receba a última com modéstia”.

Mais que um conselho, dos muitos que dera a sua filha, Gina Bianchi com o presente mostrava seu orgulho de mãe e confirmava uma certeza: Bianca era, naquela época, e seria para sempre uma artista.

No começo dos anos 20, a carreira de Bianca florescia ligada ao Conservatório de Música do Paraná, de Léo Kessler, e a Ludwig Sayer, seu professor de violino. Nos concertos organizados pelo Conservatório, ela se destacava. Exemplo disso foi o que ocorreu em 14 de maio de 1921 no Theatro Guayra, que reuniu uma orquestra e teve alguns alunos como solistas. A crítica do Jornal Gazeta do Povo ao concerto, publicada uma semana depois, em 21 de maio, não economizou nos elogios à violinista que estava a uma semana de completar 14 anos.

“Conhecedora profunda da técnica difícil do rei dos instrumentos, possui a senhorita Bianca uma execução firme, uma tirada de arco desembaraçada e segura. (...) A Senhorita Bianca Bianchi foi delirantemente aplaudida pela plateia, que sentiu deveras sugestionada pela arte da jovem”.

Em 1924, Léo Kessler faleceu e o Conservatório passou a ser dirigido pelo pianista Antonio Melillo. Os professores de violino eram Sayer e Bianca.

"Muito jovem comecei a lecionar” escreveu ela, “e ganhava um pouco, com este ajudava meus pais"

Com o dom revelado também para ensinar, Bianca não demora e abre sua própria escola na sua casa, no Palacete Wolf, na sala a frente de onde estava o atelier da mãe. Com sua própria escola e a atuação no Conservatório, Bianca reduz a quantidade de apresentações, mas não recusa eventos que lhe seriam importantes, como uma apresentação a deputados na Assembléia Legislativa ou no concerto em homenagem ao pianista e compositor português Oscar da Silva, realizado no Theatro Guayra em 23 de setembro de 1925. Com o próprio Oscar da Silva ao piano, Bianca realiza a primeira audição mundial dois tempos da "Sonata Saudade”, obra que à época ainda estava incompleta.

Em 11 de maio de 1928, o jornal A República traz a notícia de que Affonso Camargo, presidente do Estado, “num gesto magnífico”, concedera à Bianca subsídio para que estudasse no exterior. A Prefeitura de Curitiba participou da mesma ação e, também, o Consulado da Itália. Bianca era amiga do cônsul Amadeo Mannalella que procurou convencê-la a estudar no Conservatório Santa Cecília em Roma, Itália. Mannanella fez ainda mais, conseguiu as passagens em classe de luxo no transatlântico Giulio Cesare para Bianca e sua mãe porque, na época, não era de bom tom que a artista viajasse sozinha.

A viagem da jovem e talentosa violinista para estudar foi um dos temas preferidos da imprensa curitibana em 1928, dedicando páginas com fotos em destaque e textos emocionados. Bianca satisfez a mídia apresentando no Theatro Guaíra um concerto de despedida em excelente nível, tendo Antonio Melillo como pianista acompanhante. O concerto foi um sucesso, com casa lotada. Em entrevista à Gazeta do Povo, publicada em 30 de junho de 1928, um dia antes da viagem, Bianca mostra claramente sua ansiedade e despede-se do seu público através do jornal: “Adeus meus amigos. Transmitam o adeus à minha terra e aos meus amigos. Assegure-lhes que viverei estes três anos das imorredouras saudades que levo. Assegure-lhes, sobretudo, que voltarei para entregar à Pátria os frutos que minha arte estiver frutificado”. Bianca cumpriria a promessa: voltaria quatro anos depois e, mais importante, disposta a oferecer grande contribuição à música clássica do Paraná.

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